Entrevista com Evandro Teixeira

Recebi a dica de uma entrevista que o fotógrafo Evandro Teixeira dá à TV da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Acabei de assistir à entrevista e não tinha como não atualizar este blog com ela.
Como muitos sabem, este blog não tem apenas a finalidade de mostrar um pouco do meu trabalho. Ele tem a finalidade de mostrar um pouquinho do meu trabalho, mas também mostrar os fotógrafos que para mim são referência. E assim, para que muitas das pessoas que lêem meu blog possam gostar da fotografia como arte, como expressão pessoal, etc... e que possam também gostar da fotografia e, quem sabe, começar a fotografar e se expressar...

Bom, o post de hoje mostrará uma entrevista com o Fotojornalista Evandro Teixeira. Para mim ele é um dos mitos da fotografia brasileira. Busquei palavras para dizer do Evandro mas nada melhor do que as palavras que um outro mito, Sebastião Salgado, fala dele...

Assim diz ele: “É muito difícil para mim falar do trabalho do Evandro sem falar nele mesmo. Porque é uma coisa tão misturada. Vejo as fotografias do Evandro e vejo o Evandro nas fotos dele. O trabalho do Evandro materializa a modernidade do Brasil, a urbanização do Brasil. Ele é como eu, uma pessoa que andou, que veio do interior, que se fixou. Ele veio na época em que 70% dos brasileiros estavam vindo. O Brasil passou de 80% de população agrícola para 77% de população urbana. No fundo, as fotografias dele contam principalmente a história desse povo urbano, da pureza, da força, da bondade, da quase ingenuidade do povo brasileiro. Poucos fotógrafos brasileiros chegaram a isso. O Brasil ficou moderno em muito pouco tempo, assimilou o mundo moderno, começou a viver o moderno e hoje é um país como o Evandro é, cortado do interior. O Evandro virou um urbano. Vive aqui na cidade. Depende daqui. Mas quando se olha dentro dele, olho para trás e vejo outra época. E a fotografia dele representa isso. É de uma expressão! Para mim não há nada mais brasileiro do que a fotografia do Evandro. Quando falo em modernidade, falo em uma condição da sociedade. Ela se adaptou a instrumentos modernos e sofisticados de produção e de consumo, a hábitos sofisticados, informação sofisticada. Isso não quer dizer que é bom ou ruim. É um processo de transformação radical e para mim melhor que ninguém no Brasil o Evandro contou essa história, sentiu essa história, porque é a história dele também. Vendo as fotografias do Evandro eu o conheço, e mesmo que eu não o conhecesse, eu o faria vendo as suas fotos. Porque ele é transparente nas fotografias, é de uma seriedade profunda. O Brasil para mim é um país que tem já a raça universal, que tem vivência urbana moderna, uma ruptura de modelo tão recente - em 30 anos se passou essa ruptura e a adaptação a uma outra realidade-, e hoje está sofrendo de umamaneira brutal com toda essa crise moral, uma crise especial. Isso é parte desse modelo que não foi ainda totalmente vivido, totalmente digerido, mas que representa um salto fantástico para a frente, porque para mim aqui está havendo uma auto flagelação, que o resto do mundo ainda vai viver, e que no Brasil já está acontecendo em função desse rompimento brusco com o passado de todos nós. O que o Brasil viveu em 30 anos, a Europa levou 400 anos para viver. Isso é fenomenal e está se passando no resto do mundo. Veja a África e a Ásia, estão se urbanizando num ritmo que o Brasil já acabou de passar. Nisso que acho que o Brasil já é moderno e nisso as fotografias do Evandro contam a história desse país. isso para mim é fantástico. Tenho uma admiração profunda por ele.”

A entrevista está em três partes. As colocarei em sequência e espero que tod@s vocês possam curtir da mesma forma como eu gostei. Se gostarem ou não, comentem!!





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